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Abada-Capoeira DC Brazilian Arts Center |
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CD – Boa Voz (3)
Uma vida (Boa Voz)
O tempo passa, o tempo passa E nem sempre a gente vê Um dia já fui menino Ontem eu era rapaz Hoje me chamam senhor Quanta coisa aconteceu Ao longo de minha vida Mas nela tudo valeu São experiências vividas Que coisa boa é lembrar Quando veio a capoeira Tocou no meu corpo inteiro Tocou nos pés e nas mãos Entrou na minha cabeça Foi morar no coração Hoje, mais velho Ainda ouço o berimbau Tocando com nostalgia No fundo do meu quintal É o meu filho pequeno Seguindo os passos do pai Agradeço a Deus do céu Pelo dom que ele me deu No meio da capoeira Ser chamado cantador Quando eu morrer Oi iáiá, quando eu morrer Não precisa me enterrar Ponha na beira do rio Deixa a água me levar Quem tem paradeiro certo Vai lá pro céu descansar, camará Iê viva meu Deus!
Preta Bá (Caxias)
Meu Deus, cadê Preta Bá, meu Deus
Meu Deus, cadê Preta Bá, meu Deus
O filho do coronel
Meu Deus...
Meu Deus...
Meu Deus...
Meu Deus...
Meu Deus...
Meu Deus...
Meu Deus... Meu Deus...
Sinhá mandou chamar (Macaco Preto)
Sinhá mandou chamar Sinhá mandou dizer Que se o negro não "vim" vai apanhar Mas nego não quer saber Sinhá mandou chamar...
Sinhá mandou chamar Sinhá mandou dizer Que se o negro não "vim" vai apanhar Mas negro não quer saber
Negro não quer saber Se vai pro tronco de madeira É que o negro esquece tudo Quando tá na Capoeira Sinhá mandou chamar...
Antigamente Era assim que acontecia Se o negro não obedecesse O capitão lhe prendia Pra bater na covardia Sinhá mandou chamar...
Hoje em dia é diferente Com a abolição da escravatura Corda que amarrou o negro Hoje eu trago na cintura Sinhá mandou chamar...
A dor era tanta Que feriu meu coração Pois sabia que apanhava E o castigo quem dava era um irmão Sinhá mandou chamar...
Histórias de Lemba (Esquilo)
Histórias de Lemba Lemba aê Lemba Histórias de Lemba Lemba aê Lemba História de Lemba...
Histórias de Lemba Lemba aê Lemba Histórias de Lemba Lemba aê Lemba
Lemba do barro vermelho Como se ouve falar No terreiro de Don'Ana Chama-se Elegba História de Lemba...
Como era de costume O feitor matou "Seu" Lemba Por causa de seu ciúme História de Lemba...
Arrancaram a língua fora Tiraram a pele do negro Deram-lhe um banho de mel E o levaram a um formigueiro História de Lemba...
Os mais velhos me contaram E eu não canso de dizer No terreiro de Don'Ana Lemba foi aparecer História de Lemba...
Dendê (Boa Voz)
Quero ver dendê Quero ver dendê Na roda de bamba, eu, Quero ver dendê Quero ver dendê...
Quero ver dendê Quero ver dendê Na roda de bamba, eu, Quero ver dendê
Agbá é àduní nagôs, malês e obás É tata que adupé Por que eu quero ver dendê Quero ver dendê...
E pra quem quiser dizer, oi iáiá Que essa língua não é minha Preste atenção na cantiga Que vosmicê vai me entender Quero ver dendê...
É banda lá no quimbundo Cangerê que imbelecô É mo jubá de oió Por que eu quero ver dendê Quero ver dendê...
É tempo que passa, é tempo Ai meu Deus Que esse povo veio de lá É preciso entender Um pouco do seu cantar Quero ver dendê...
Tem fome faz ageum Tá triste é de calundú Dinheiro me dê equé Por que eu quero ver dendê Quero ver dendê...
Outro dia escutei Indaka de afofô E fui procurar saber Que é o tal do falador Quero ver dendê...
Em toda a cantoria Eu peço pra ver dendê Do banto coisa excelente Bom mesmo é ter dendê Quero ver dendê...
Surpreso fiquei ao ver Buscando no Iorubá Que a frase para sempre É a palavra àbádá Quero ver dendê...
Pra oxalá de òrum Eu peço minha àsálù E na terra pros meus òrés Eu peço pra ver dendê Quero ver dendê...
Luanda (Boa Voz)
Oh aê! Luanda Oh aê! Luanda
Oh aê! Luanda Oh aê! Luanda
A capoeira é de bamba querer A capoeira é de querer bandar
A capoeira é de bamba querer A capoeira é de querer bandar
Quem mandou dizer Que ia me encontrar Se isso acontecer Não vai me pegar
Quem me viu me vê Quem me vê me viu Mas se tem mandinga Tava eu lá, sumiu
A capoeira é de bamba querer A capoeira é de querer bandar A capoeira é de bamba querer A capoeira é de querer bandar
Pois na capoeira Posso lhe aformar Não tem bobo não Lá só tem bamba
Quem mandou o recado Já mandei voltar Pro mesmo endereço E lá vai chegar
Roupa de homem (Boa Voz)
Mandei fazer um terno (mandei fazer um terno) (Colega véio) Pro dia do casamento Deixei em cima da mesa Ainda não era o momento Noutro dia bem cedinho (Colega véio) Olha o que me aconteceu Meu filho foi pra escola Usando o que não era seu Ao chegar, a professora, (Ai meu Deus) Olhando pra ele falou "Moleque toma seu tino, Que roupa de homem não dá em menino
Roupa de homem não dá em menino Roupa de homem não dá em menino
Roupa de homem não dá em menino
Seus olhos (Boa Voz)
Seus olhos parecem dois rios rolando pro mar Quando você chora, quando você chora E eu como bom capoeira não posso negar Que o meu berimbau também já me fez chorar
Seus olhos parecem dois rios rolando pro mar Quando você chora, quando você chora E eu como bom capoeira não posso negar Que o meu berimbau também já me fez chorar
Tem choro de alegria Choro de tristeza e dor Cada um tem seus motivos Tem até choro de amor Seu olhos...
Talvez pela falta de jeito Do cabra valente Quando quer disfarçar É quando ele mais sente
Em dados momentos da vida É preciso entender Quando é forte demais É a hora de ceder Seu olhos...
Se diz o ditado Que o homem não pode chorar Como posso explicar Se quando nasce, ele chora
O Mestre falou (Boa Voz)
É, meu Mestre falou assim Menino não precisa preocupar Que a vida que se leva é essa mesma E a capoeira não deixa nada faltar
É, meu Mestre falou assim Menino não precisa preocupar Que a vida que se leva é essa mesma E a capoeira não deixa nada faltar
Até naquilo que mais te incomoda Às vezes você tem que relaxar Conversa com teu Mestre, e vai pra roda Que a capoeira bota tudo no lugar
E se o que você quer é amizade E ainda mais difícil, verdadeira Junte a humildade ao bom caráter E só então você vai pra capoeira
E àquele com "marra" de valentão E que faz mais barulho que ação Cuidado, camarada, a capoeira Não é o que tu "tá" pensando não
Perguntei: "Caveira quem te matou?" Respondo que o calado é vencedor Por que o veneno que sai pela boca É mais mortal que aquele que entrou
Em tudo o que se passa pela vida O que é mais difícil de entender É que pra conseguir felicidade É preciso viver e conviver
Mata fechada (Boa Voz)
É na mata fechada É na mata fechada Quero ver jogar, capoeira... Meu saraiá
É na mata fechada É na mata fechada Quero ver jogar, capoeira... Meu saraiá
Ali tem cobra coral Aranha carangueijeira Bom lugar pra se fazer A roda da capoeira Lá na mata fechada...
Tem o canto da araponga Junto com o sabiá Tem até uma caninana Sempre no mesmo lugar Lá na mata fechada...
Ali não vai qualquer um Cada um tem seu talento Pois quem faz o cabra bamba É a força de São Bento Lá na mata fechada...
De garra e bico afiados Voa gavião e gralha Parece até o capoeira Quando traz sua navalha Lá na mata fechada...
Voa, voa passarinho Rasteja cobra malvada Corisco riscando o céu Quando ronca a trovoada Lá na mata fechada...
Por ali passou escravo Construindo esse caminho Se você puder sentir Ali tu não "tá" sozinho Lá na mata fechada...
Enrosca o pé no cipó Ranca toco de espinhal Faz a sequência do Mestre No toque do berimbau Lá na mata fechada...
É lugar que tem mandinga Coisa que a mim não compete Com essa quadra fica oito Pra quebrar o número sete Lá na mata fechada...
Mariana (Boa Voz)
Nega Mariana Por que mandou me chamar
Nega Mariana Por que mandou me chamar
Pois não vê que eu "tô" ocupado? Lá vem essa nega pra me perturbar Ela disse o cumê tá na mesa Os moleques chorando se chegue pra cá
Ela viu quando acordei cedinho E botei a cabaça no sol pra secar Dei um trato na verga e no arame E, falando baixinho, fui cantarolar
Ela sabe que eu tenho um chamego E que tenho medo de me aperrear Essa praga de nega danada Se vê capoeira, vem me azucrinar
Por favor, me desculpe o vexame Se moça bonita vier me falar Essa nega em tudo se mete Até meus negócios quer atrapalhar
Olha lá a roda "tá" formada Eu fico pensando em me aproximar Por que vai que ela cisma de ir embora E sem Mariana não posso ficar
Maior é Deus (Boa Voz)
Só eu te conheço (Só eu te conheço, colega véio) Mas você não me conhece As aparências enganam Nem tudo é o que parece O senhor é conhecido, colega véio Em todo lugar que eu vou Precedido pela fama De todo bom jogador Eu não sou ninguém (Eu não sou ninguém, colega véio) Mas eu ando por aí Tocando meu berimbau Jogando e cantando assim: Maior é Deus Pequeno sou eu E o que eu tenho Foi Deus que me deu
Maior é Deus Pequeno sou eu
Reza forte (Boa Voz)
Se a reza é forte Do mandingueiro Deus é maior Não tenho medo
Se a reza é forte Do mandingueiro Deus é maior Não tenho medo
Fez as suas orações Falou com a terra e com o ar Foi quando olhou pra mim E me chamou pra jogar
Rodou pernada pra lá Rodou pernada pra cá No jogo do embolador Eu não sei quem vai ganhar
Moço não bata no peito Quando for roda de rua No jogo da capoeira Outra hora continua
Na vida e na capoeira Nem sempre é como se quer O certo é ter Deus no peito Muita força e muita fé
Explique por que (Mobília)
Meu Deus Me explique isso por que? Meu Deus Eu não consigo entender
Meu Deus Me explique isso por que? Meu Deus Eu não consigo entender
Estão dizendo por aí Que a capoeira não é mais nossa Antiguidade não é posto E que isso não importa Meu Deus...
Andam vulgarizando A linda palavra Mestre Se formando por aí Muitos deles nem merecem Meu Deus...
Falo com Deus todo dia Peço em minhas orações Que respeitem a capoeira Tenham por ela paixão Meu Deus...
A capoeira é bem maior Do que se pensa que é Treine firme, treine forte E ela te dirá quem é Meu Deus...
Zabelê (Boa Voz)
Teu nego mandou dizer Pedindo pra esquecer De tudo o que ele te fez, por favor Volta pra cá Zabelê
Volta pra cá Zabelê Volta pra cá Zabelê Volta pra cá Zabelê Que eu quero ficar com você
Não é sempre que se consegue Alguém que te compreenda O amor é chama tão rara Que talvez nunca se acenda
Isabel é moça tranquila E sempre me acompanhou Eu não sei o que foi que me deu Que um dia eu deixei Zabelê
Andei por aí a fora Sem nunca olhar pra trás Até que um dia voltei E já não te encontrei mais, Zabelê
E hoje eu toco meu gunga Na esperança de te ver Entrar por aquela porta E nunca mais te perder, Zabelê
Boa semente (Boa Voz)
Pela ramagem da árvore Sei a fruta que ela dá Isso é mandinga, cumpadre Pode acreditar
Se a fruta é boa Ela dá boa semente Ela dá boa semente Ela dá boa semente
Se a fruta é boa Ela dá boa semente Ela dá boa semente Ela dá boa semente
A graviola... Ela dá boa semente Ela dá boa semente Ela dá boa semente
O maracujá... Ele dá boa semente Ele dá boa semente É pra dar boa semente
Se a fruta é boa Ela dá boa semente Ela dá boa semente É pra dar boa semente
Quadras (Boa Voz)
1. Meu Mestre me dê licença (Meu Mestre me dê licença) Pra fazer esse trabalho De buscar a sua essência Com respeito e humildade
O motivo dos meus versos E da minha cantoria É lembrar seus fundamentos E sua sabedoria, camarada
Água de beber ê ê água de beber camará
Viva meu Deus ê ê viva meu Deus camará
Viva meu Mestre ê ê viva meu Mestre camará
Faca de furar ê ê faca de furar camará
2. Iê, casca de côco (Iê, casca de côco) Que tava no meu terreiro Vovó dizia: Faz lembrar do cativeiro
Vovó não quer Casca de côco Vovó não quer Casca de côco
Vovó não quer Casca de côco Vovó não quer Casca de côco
3. Menino não cante à toa (Menino não cante à toa) Nem vá em toda função Arrancar ponta de touro Quebrar fúria de leão
Nem sempre é a força que manda E nem a disposição A cabeça é pra pensar Quando o julgo é a razão Camarada
ê aruandê
é hora é hora
ai ai galo cantou
4. Beijo de mulher cansada (Beijo de mulher cansada) O velho Zuza falou: Diz que tem gosto de chumbo cuidado seu beijador, camada,
ê aruandê
viva a Deus do céu
é goma de engomar
5. Água que bate na pedra (Água que bate na pedra) Nem sempre que bate fura Moleque da língua solta E velha que tem usura Põe os dois numa panela Que desgraça de mistura, camarada,
ê viva meu Deus
ê aruandê
ê viva meu Mestre
6. Outro dia ouvi um caso (Outro dia ouvi um caso) Falando do escorpião Eita bicho perigoso Se deixar te morde a mão É melhor bater com um pau E deixar ele no chão, camará
ê é hora é hora
iê vamos se embora
Pela barra afora
7. Vi água de morro abaixo (Vi água de morro abaixo) Vi fogo de morro acima Com eles não há quem possa Não tem nada que combina O homem de bom juízo Pede ajuda divina, camará,
viva Deus do céu
iê aruandê
goma de engomar
iê aruandê
água de beber
8. E Deus num dá asa à cobra (E Deus num dá asa à cobra) Quando dá tira o veneno Já pensou coral voando Em quanta gente morrendo Eita bicho peçonhento Traiçoeiro e imundo Já estava no paraíso Quando Deus criou o mundo, camará
água de beber
iê aruandê
a volta do mundo
iê que o mundo deu
9. Onça preta lá na mata (Onça preta lá na mata) Avistou um javali Bicho de presa afiada Já matou até sucuri Gavião que se preza Não dá asa a bem-te-vi, camarada
é hora é hora
ai ai viva meu Deus
ai ai volta do mundo
iê que o mundo deu
10. Sou eu que me deito tarde (Sou eu que me deito tarde) Sou eu que levanto cedo Sou eu que já fui jurado De jura, não tenho medo A fumaça do cachinbo Descobre qualquer segredo, camará
ele é mandingueiro
iê aruandê
ai é cabedeê
e viva a Deus do céu
oi faca de furar
11. Oração de Cipriano (Oração de Cipriano) Oração de santo forte Reza pra quebrar mandinga Reza pra livrar da morte É reza do capoeira Que no jogo pede sorte, camarada
ê é hora é hora
ai ai vamos sem embora
pela barra afora
e viva a Deus do céu
vamos se embora
Corridos (DP)
Oi sim, sim, sim, oi não, não, não
Oi sim, sim, sim, oi não, não, não
Quebra lami comugê
maca
A cobra lhe morde
O senhor São Bento
Vou dizer a meu sinhô Que a manteiga derramou
Vou dizer a meu sinhô Que a manteiga derramou
ê ai ai ai ai ai A de lelê
A de lelê
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