Abada-Capoeira DC

Brazilian Arts Center


 

CD – Boa Voz (4)

Homenagem a Angola (Paginê)

Menino que vende aí? (Ladainha tradicional)

Jangadeiro (Corrido de Angola)

Angola me chamou (Boa Voz)

Morrer de tristeza (Boa Voz)

Cura Eu Maria (Da Ilha)

Peleja do rio com o mar (Perninha)

Família Abadá (Pretinho)

Gratidão (Macaco Preto)

Com fé em Deus (Mobília)

O que vem,volta (Raio)

A faca que matou Besouro ( Boa Voz)

Não mande maltratar (Caxias)

O que eu sou na capoeira (Macaco Preto)

Zum zum de Besouro (Boa Voz)

Dendê (Estalo)

Tanto que eu peço a Deus (Boa Voz)

Semeia Vento (Perninha)

Galo Valente (Perninha)

Pout-pouri (tradicional)

Homenagem a Mestre Waldemar

O Mestre fala

Siri de mangue (Boa Voz)

O mestre fala

Boa Voz Fala

 

 

 

Menino que vende aí? (Ladainha tradicional)

 

Menino que vende aí

Vendo arroz do Maranhão

Na cova de Salomão

Sou discípulo que aprendo

Sou Mestre que dou lição

O Mestre que me ensinou

Tá no engenho da Conceição

Quem me batizou as pernas

Quem me curou de doença

A ele devo dinheiro, saúde e obrigação

O segredo de São Cosme

Só quem sabe é Damião

Com a força de Sansão

E oração de São Matheus

Quando fico meio zangado

Quem pode comigo é Deus

Iê viva meu Deus

 

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Jangadeiro (Corrido de Angola)

 

Jangadeiro tá longe do barco

Marinheiro tá longe do mar

Sinto a falta do meu berimbau

Sem capoeira não posso ficar

 

Jangadeiro tá longe do barco

Marinheiro tá longe do mar

Sinto a falta do meu berimbau

Sem capoeira não posso ficar

 

Jangadeiro tá longe do mar

Tabaréu tá longe do sertão

Sentindo saudade, querendo voltar

 

Jogador longe dos fundamentos

Como pode querer melhorar

 

Cantador longe do sentimento

Não faz o corpo arrepiar

 

Berimbau anda lhe procurando

A capoeira mandou-lhe chamar

 

A vida tá longe da morte

E a qualquer momento pode encontrar

 

Ô jangadeiro

Tá longe do barco

 

O marinheiro

Tá longe do mar

 

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Angola me chamou (Boa Voz)

 

Angola me chamou

Eu vim aqui Angola

 

Angola me chamou

Eu vim aqui Angola

 

É coisa de mãe e filho

Você não me viu crescer

Dá licença tô chegando

Eu vim pra te conhecer

 

De pequeno já sentia

Que um dia vinha pra cá

Contemplar tua beleza

Terra dos meus ancestrais

 

Outro dia ouvi dizer

De onde venho ainda tem mais

Negro pelo mundo a fora

Mostra que é capaz

 

Um dia quando me for

Canto de dentro pra fora

Parte do meu coração

Vai ficar dentro de Angola

 

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Morrer de tristeza (Boa Voz)

 

Se é pra me matar de tristeza

Não vá longe, por favor

É só me tirar a capoeira

E eu vou morrer, sim senhor!

 

Se é pra me matar de tristeza

Não vá longe, por favor

É só me tirar a capoeira

E eu vou morrer, sim senhor!

 

Pra onde eu vou pra ouvir bom berimbau?

Pra onde eu vou pra ouvir bom tocador?

Pra ver menino jogando com negro velho?

Escutar chula lamento de cantador?

 

Que a amizade se faz de um dia pro outro

Vira família, fortalece o coração

Onde a saudade bate na porte, ligeira

E a voz do peito fala mais do que a razão

 

É onde eu ouço os conselhos do meu Mestre

Pra caminhar nesse mundo enganador

Quebrar correntes e viver na liberdade

Curar mazelas que ninguém nunca curou

 

A cada dia renovar conhecimentos

Rapaz e moço, criança e ancião

Na mulher sábia que edifica a sua casa

A capoeira é essa imensidão

 

Um dia eu me afastei um pouco dela

Voltei depressa, pois senti falta demais

Cuidou de mim e logo me trouxe a calma

A capoeira me traz alegria e paz

 

A capoeira é um presente de Deus

Pra comparar é como o sopro de vida

Por isso eu disse, e se alguém não entendeu

Sem a capoeira eu não consigo viver

 

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Cura Eu Maria (Da Ilha)

 

Cura eu Maria, Cura eu Maria

Nada comigo dá certo

Cura eu Maria

 

Cura eu Maria, Cura eu Maria

Nada comigo dá certo

Cura eu Maria

 

Vai pro mato, arranca planta

Vai pro rio, tira água

Junta as forças desta terra

Faz oração mãe Maria

 

Posso até lhe confessar

Não carrego patuá

São plantas da natureza

Você pode me curar

 

Vai pra aquele teu cantinho

Onde tu faz oração

Dá comida pra sereia

Como diz a tradição

 

Vamos juntos em cativeiro

Posso até te acompanhar

Só me fala no momento

Onde não posso ficar

 

Estou feliz e agradeço a Deus do céu

Maria já me curou

E também meu berimbau

Que sempre me consolou

 

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Peleja do rio com o mar (Perninha)

 

Essa peleja vem de muito tempo atrás

Essa peleja vem de muito tempo atrás

Quando o rio e o mar já não se entendiam

Me chamam rio ou riacho

Corredeira ou riachão

A mim chamam oceano

De mar ou imensidão

Eu sou maior e mais forte

Tenho muito mais poder

Não se engane, pois com a chuva

Sou eu que faço você

Meus peixes são mais bonitos

Os meus tem melhor sabor

Eu mato a sede do mundo

Eu tenho o maior predador

Já nem sei porque brigamos

Por que tanta discussão

Temos a mesma origem

Quase a mesma função

Brigamos sem ter motivo

Como Angola e Regional

Pois é tudo capoeira

Quando toca o berimbau

Brigamos sem ter motivo

Como Angola e Regional

Pois é tudo capoeira

Quando toca o berimbau

Camarada ê viva meu Deus

 

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Família Abadá (Pretinho)

 

Hoje eu tava pensando em casa

E lembrei da história de vovó

Que dizia que o filho que tem família

Pois nessa vida, ele nunca fica só

 

Hoje eu tava pensando em casa

E lembrei da história de vovó

Que dizia que o filho que tem família

Pois nessa vida, ele nunca fica só

 

Só se for caminhando

O coração não deixa se esquecer

Do pai e da mãe que te abençoa

Pra nessa vida, um dia você vencer

 

O Mestre serve pra te dar conselho

Puxar a orelha quando estiver errado

Ele diz que é melhor andar sozinho

Por muitas vezes, do que mal acompanhado

 

E você, que está aí pelo mundo

A capoeira por você vai sempre olhar

Siga treinando e, por favor, não se esqueça

Você faz parte da família Abadá

 

Vá com Deus e siga o seu caminho

O mundo inteiro você tem que viajar

Mas não se esqueça do que agora vou te dizer

Que a melhor viagem é na hora de voltar

 

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Gratidão (Macaco Preto)

 

Meu Mestre me ensinou

A jogar Capoeira

O segredo da ginga

A levantar da rasteira

 

Meu Mestre me ensinou

A jogar Capoeira

O segredo da ginga

A levantar da rasteira

 

Tem capoeira que ele ensinou

Me falando dia após dia

Ela se tornou minha vida

Essa vida, minha filosofia

 

Que o segredo da ginga

Está na primeira lição

Um pé na frente, outro atrás

Nos previne da traição

 

Que a rasteira é normal

Na roda e também na vida

O importante é saber levantar

E andar com a cabeça erguida

 

Eu sou grato ao meu Mestre

Agradeço com meu coração

Tudo o que ele ensinou

Não tem dinheiro que pague

É só mesmo muita gratidão

 

E hoje pelo mundo

Vou levando seu ensinamento

Que o ouro e a prata não compram

Eu sei o que sou

E o ideal que carrego aqui dentro

 

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Com fé em Deus (Mobília)

 

Com fé em Deus

Eu vou caminhar

Eu caminharei

Com fé em Deus

 

Com fé em Deus

Eu vou caminhar

Eu caminharei

Com fé em Deus

 

Se minha estrela brilha

Ninguém pode apagar

O que Deus me deu

Só ele pode tirar

 

Berimbau é meu amigo

Comigo sempre estará

Na alegria e na tristeza

Sempre vai me acompanhar

 

Não carrego mentiras

E nem crio falsidade

Quem quiser me conhecer

Conte sempre com a verdade

 

É com muita fé em Deus

Que saro minhas feridas

E é com a capoeira

Que é meu sonho e minha vida

 

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O que vem,volta (Raio)

 

Cantava uma ladainha

Cantava uma ladainha, ô Iaiá

No fundo do meu quintal

quando veio uma coruja

O Iaiá, quando veio uma coruja

Pousou no meu berimbau

Disseram que era mandinga, ô Iaiá

Que era coisa mandada

Coruja é bicho da noite

E ave da madrugada

Mas como bom mandingueiro

Ô Iaiá, não temo feitiçaria

Tenho raízes plantadas

Lá nas terras da Bahia

Angola e Moçambique

Ô Iaiá, Guiné, na Costa do Marfim

Não basta qualquer feitiço

Pra derrubar o velhinho

Tirei-a do berimbau, ô Iaiá

Botei dentro da gaiola

Cantei outra ladainha, ô Iaiá

Soltei-a, mandei embora

A coruja foi cantar, ha, ha!

Onde um ex-amigo mora

Camaradinho, viva meu Deus!

 

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A faca que matou Besouro ( Boa Voz)

 

Aticum é,

Aticum é,

Aticum é,

A faca que matou Besouro

 

Aticum é,

Aticum é,

Aticum é,

A faca que matou Besouro

 

Uns chamam de mané véio

Que é pau de fazer canoa

Eu só sei que pra Besouro

Não prestou pra coisa boa

 

Capoeira mandingueiro

Besouro era danado

Pra brigar não tinha hora

Com polícia ou com soldado

 

Sempre defendo o fraco

Combatendo a covardia

Mas pra morrer colega véio

Besouro teve seu dia

 

Deus o ponha em bom lugar

Manoel Henrique Pereira

Com ticum ou sem ticum

É lenda na capoeira

 

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Não mande maltratar (Caxias)

 

Não mande maltratar

Não mande maltratar

O negro custou dinheiro

E ordem de sinhá

 

Não mande maltratar

Não mande maltratar

O negro custou dinheiro

E ordem de sinhá

 

Na vida manda quem pode

Obedece quem tem juízo

Se ocê mata esse negro

Sinhá vai ter prejuízo

 

Se ele te atocaiô

Suncê ando descuidado

Aqui suncê caça ele

Mas no mato tô é caçado

 

Criado nos sete ventos

Parido na liberdade

Cuidado com esse negro

Que ele não é covarde

 

A cabeçada é coisa

Rasteira é queda braba

Mas é ordem de sinhá

Por isso não faça nada

 

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O que eu sou na capoeira (Macaco Preto)

 

O que é que eu sou na capoeira?

O que é que eu sou na capoeira?

No meio da mata

O que é que eu sou na capoeira?

 

O que é que eu sou na capoeira?

O que é que eu sou na capoeira?

No meio da mata

O que é que eu sou na capoeira?

 

Sou bote de cascavel

Sou o voo do morcego

Eu já fui dança da zebra

Sou camaleão, mudo de cor

 

Sou o pulo do macaco

Sou o galo de esporão

Pulo do gato do mato

Ferroada de escorpião

 

Sou raiz de baraúna

Sou tronco de bananeira

Folha seca de biriba

Mato ralo capoeira

 

Sou o reluzir de ouro

Sou rubi, sou ametista

Brilho como o diamante

Me chamo capoeirista

 

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Zum zum de Besouro (Boa Voz)

 

Zum zum zum

Zum zum zum

Morreu Besouro protegido de Ogum

 

Zum zum zum

Zum zum zum

Morreu Besouro protegido de Ogum

 

Besouro quando morreu

Foi cercado de mistério

Muitos falam tanta coisa

Mas o caso é bem mais sério

 

Logo que foi atingido

Foi posto numa canoa

Levado á Maracangalha

É quando a mandinga falha

 

No plantão do hospital

Contam que chegou o ferido

Quem trouxe chegou dizendo

Que o caso tava perdido

 

Manoel quero saber

Se você tá preparado

Pra noticia que lhe dou

Precisa ser operado

 

"Me diga cabra danado"

"Vósmicê tá de acordo?"

O tempo lá vai passando

Besouro Cordão de Ouro

 

 Ele perguntou ao doutor

"Se aticum furou primeiro"

"Se o senhor bulir comigo"

"Volto a ser o Besouro inteiro"

 

O doutor olha pra ele

Mas permanece calado

Besouro então entende

Seu destino tá traçado

 

"Pois então me deixe or embora

Porque um cabra de verdade

Não deixa seus inimigos

Lhe encontrarem pela metade"

 

E assim falando Besouro

Fez as suas orações

Quebrou pra São Caetano

Não tem recurso não

 

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Dendê (Estalo)

 

Aê bota dendê que eu quero ver

Bota dendê que eu quero ver

Você botar Dendê

Aê aê

 

Aê bota dendê que eu quero ver

Bota dendê que eu quero ver

Você botar Dendê

 

Bota dendê no seu jeito de jogar

Bota dendê nessa roda

Bota dendê no toque do Berimbau

Aê aê

 

O Berimbau tá tocando venha ver

Olha o balanço do negro

Esse moço tem dendê

Aê aê

 

Seu balanço tem o jeito

que disfarça a malandragem

Isso é dendê

Arte da capoeiragem

Aê aê

 

Seu canto que faz meu corpo arrepiar

Que não tem explicação

O Berimbau bem tocado

Mexe com o meu coração

Aê aê

 

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Tanto que eu peço a Deus (Boa Voz)

 

É tanto que peço a Deus

É tanto que Deus me dá

É tão pouco que eu mereço

Mas nada me faltará

 

É tanto que peço a Deus

É tanto que Deus me dá

É tão pouco que eu mereço

Mas nada me faltará

 

Pedi a ele a palavra

Ele me deu o cantar

Também pedi poesia

Ele me deixou remar

 

Pedi a ele saúde

E forças pra trabalhar

Deus me deu a capoeira

E um berimbau pra tocar

 

Pedi a ele um bom mestre

Pra me ensinar o dia a dia

Deus me deu Mestre Camisa

Com sua sabedoria

 

Peço pelo ar que respiro

Pelo sol que me ilumina

Me tira da noite escura

Com as estrelas que brilham

 

Peço pelos meus amigos

Deus me deu até demais

Peço pelos inimigos

Que ele lhes dê muita paz

 

Tem coisas que eu nem pedi

Mas ele me viu sonhar

Andei pelo mundo afora

Tenho estórias pra contar

 

Peço pra livrar da morte

A todo capoeirista

E que Abada-Capoeira

Seja primeira da lista

 

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Semeia Vento (Perninha)

 

Quem semeia vento

Colhe tempestade

Semeia vento

Colhe tempestade

 

Quem semeia vento

Colhe tempestade

Semeia vento

Colhe tempestade

 

Nunca vi plantar banana

e daí nascer maçã

A plantação de hoje

E a colheita de amanhã

 

Quem semeia vento

Colhe tempestade

 

Plantou mentira

Só vai colher falsidade

 

Se fato ou verdade

Discutir não adianta

Na capoeira

Cada um colhe o que planta

 

Plantou no campo

Não vai colher na cidade

 

Semeou discórdia

Não vai vir mais amizade

 

E quando a semente

Que você plantou crescer

Boa ou ruim

É você quem vai colher

 

Semeia vento

Colhe tempestade

 

Quem planta o bem

Nunca vai colher maldade

 

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Galo Valente (Perninha)

 

Tem galo valente

Que é brabo em casa

Quando sai do galinheiro

Baixa crista e fecha asa

 

Tem galo valente

Que é brabo em casa

Quando sai do galinheiro

Baixa crista e fecha asa

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

Quando sai do galinheiro

Manda a galinha na frente

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

É brabo em casa

Mas na rua é diferente

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

Deixa de valentia

Que não engana mais a gente

 

O galo brabo

Tu que é valso valente

Pra defender o galinheiro

Manda a galinha na frente

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

Fica de bico fechado

Fingindo que tá doente

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

Falso valente

Tu que é falso valente

 

O galo brabo

Tu que é falso valente

Não me chama de irmão

Porque eu não sou teu parente

 

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Pout-pouri (tradicional)

 

Homenagem a Mestre Waldemar

 

O Mestre fala

 

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Siri de mangue (Boa Voz)

 

Iê!

Mas abre os olhos Siri de mangue

Abre os olhos, siri de mangue

Tudo tempo quem num é um

A maré de março, Oh meu bem

É maré de Guaiamum

Entre grandes e pequenos,

Hoje num me escapa um

Siri tá se vendo doido, Oh meu bem

Nas presas de Guaiamum

 

 

O mestre fala

 

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Boa Voz Fala

 

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