Abada-Capoeira DC

Brazilian Arts Center


 

 

O berimbau (Brucutu)

 
O Berimbau
Na roda de capoeira
Certa vez silenciou
Até parece
Que isso é coisa do passado
Ver um homem ajoelhado
Porque seu gunga quebrou
Ai que tristeza
Como dói no coração
Também sofri 
Chorei
É porque eu compreendia
É também naquele dia
Eu ganhei meu berimbau
Perguntei qual o seu nome
Ele então me respondeu
Eu me chamo capoeira
Da pedra de Camafeu
Será que meu Deus conhece
Que essa tristeza padece
Quando eu toco o berimbau
Se berimbau não falasse
Eu não falava também
Não jogava Capoeira
E nem gostava de ninguém
Mais o meu berimbau fala
Fala berimbau, joga capoeira
Camafeu está chorando
Dizendo dessa maneira
Camará
Iê viva meu Deus
     Iê viva meu Deus camará 
Iê viva meu Mestre
     Iê viva meu Mestre camará
Iê viva a Bahia
     Iê viva a Bahia camará
 
 
 
Mainha (Cobra e Cebolão)
 
Ê Mãinha
É madrugada eu vou pro mar
Ê Mãinha
É madrugada eu vou pro mar
Navegando pro horizonte
No reino de Yemanjá
Ê Mãinha
 
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
 
Navegando pro horizonte
No reino de lemanjá
É maré cheia 
Tempestade sem parar
 
     É maré cheia 
     Tempestade sem parar
 
Peço a Deus que me proteja
Do mistério desse mar
Ê Mãinha
 
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
 
Peço a Deus que me proteja
Do mistério desse mar
O mandingueiro
Que chegou de velejar
 
     O mandingueiro
     Que chegou de velejar
 
Pede licença pro Mestre
Reza pra seu Orixá
A roda já está formada
O jogo vai começar
Ê Mãinha
 
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
 
Navegando pro horizonte
No reino de lemanjá
Nome do Pai 
Berimbau chama pra jogar
 
     Nome do Pai 
     Berimbau chama pra jogar
 
Roda pião de cabeça
Rasteira pra derrubar
Meia-lua e cabeçada
Você tem que mandingar
Ê Mãinha
 
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
 
Navegando pro horizonte
No reino de lemanjá
É maré cheia 
Tempestade sem parar
 
     É maré cheia 
     Tempestade sem parar
 
Peço a Deus que me proteja
Do mistério desse mar
Ê Mãinha
 
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
     Ê Mãinha
     É madrugada eu vou pro mar
 
 
 

Curva de rio (Charm)

 
Curva de rio 
Ponta de areia
Andei pela praia
no rastro da sereia
 
     Curva de rio 
     Ponta de areia
     Andei pela praia
     no rastro da sereia

Pra jogar a Capoeira
tem idade não senhor
Gordo, velho, magro, moço
tem que ser improvisador
Curva de rio
 
Berimbau comanda o jogo
com pandeiro e agogô
O atabaque no sentido
que esse som me provoca
curva de rio

Macio feito uma mola
Capoeira é de valor
Põe mandinga nesse jogo
berimbau já reclamou
curva de rio
 
A onça turrou na mata
boi malhado assustou
No galho da seringueira
macaco já pulou
curva de rio

Na beira do rio eu vi 
sucuri laçar um boi 
no meio da águas eu vi 
a sereia cantar
Do outro lado eu vi 
um mutum a voar
curva de rio
 
 
 

Na vida se cai (Sapeba)

 
Na vida se cai
Se leva rasteira
Quem nunca caiu
não é capoeira
 
     Na vida se cai
     Se leva rasteira
     Quem nunca caiu 
     não é capoeira
 
Na capoeira
Eu cresci com o passado
Desse tempo tão ligeiro
Rápido como um piscar
Ontem eu era 
um menino iniciante
Um capoeira errante
Mais não parei de treinar
 
Eu caí sim
Eu caí me levantei
Tropecei caí de novo
Consegui me afirmei

A vaidade 
é ruim pro capoeira
Faz ele se achar o bom
Não escapa da rasteira
 
 

 

Põe no chão (Tucano Preto)

 
Põe no chão
Que eu quero ver caboclo
Põe no chão
que eu quero ver sinhá
 
     Põe no chão
     Que eu quero ver caboclo
     Põe no chão
     que eu quero ver sinhá

O cabra tá assustado
Tá com medo de apanhar
Tá se escondendo na roda
Mais não vai me escapar
Põe no chão
Que eu quero ver caboclo
Põe no chão
que eu quero ver sinhá
 
O caboclo já fez sua jura
Partiu pro jogo de corpo fechado
No pescoço tinha um patuá
E pedia forças para Oxalá
Põe no chão
Que eu quero ver caboclo
Põe no chão
que eu quero ver sinhá
 
Oi me dê forças pra jogar capoeira
Oi me dê forças pra tocar o berimbau
O desafio já está lançado
Faca de ponta vai lhe furar
Põe no chão
Que eu quero ver caboclo
Põe no chão
que eu quero ver sinhá
 
eu quero ver
 
     caboclo
 
eu quero ver
 
     sinhá
 
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Arte Secular

 

Mais um dia amanheceu

Eu fiquei a perguntar

Como foi que começou

Essa arte secular

Surgiu com a vontade

De querer se libertar

E hoje é no mundo inteiro

Que se aprende a jogar

Onde o rico vira pobre

Sabe tocar e cantar

E o pobre tem suas riquezas

Sabe se valorizar

Mais a verdade não é essa

Nem eu sei pra lhes contar

Tem coisas que ee entendo

E não consigo explicar

Sei que um dia era criança

E ficava a procurar

Muitas coisas que até hoje

Continuo a buscar

Roda de capoeira

Capoeira a rodar

Eu vou rodar o mundo

Com essa arte de lutar

 

     Roda de Capoeira

     Capoeira a rodar

 

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Capoeira de angola (Ariranha)

 
Jogar Capoeira de Angola 
Não é brincadeira
Menino vem ver lelê
Com a cabeça no chão 
Vai saindo de aú
Completando rolê 
 
     Jogar Capoeira de Angola 
     Não é brincadeira
     Menino vem ver lelê
     Com a cabeça no chão 
     Vai saindo de aú
     Completando rolê 

Eu fui lá no cais da Bahia
Jogar capoeira
Lembrei de Pastinha e Seu Aberrê lelê
Capoeira de Angola
Não é brincadeira menino vem ver
 
Camisa sempre me falou
Solte o corpo menino
Deixe ele falar
Tem que ter sentimento
Para Capoeira de Angola jogar

Você diz que entra na roda
Com ginga de corpo sabe balançar
Tem que ser mandingueiro
Para Capoeira de Angola jogar
 
 
 
Aruanda ê (Olho de gato)
 
Aruanda ê
Aruanda ê, aruanda
Aruanda ê camará 
 
     Aruanda ê
     Aruanda ê, aruanda
     Aruanda ê camará 

Vem de dentro do peito
Essa chama que acende
Meu corpo inteiro não pode parar
Eu sou mandingueiro de lá da Bahia
Axé capoeira salve Abadá
Aruanda ê
Aruanda ê, aruanda
Aruanda ê camará 
 
Oxalá que me guie
Por todo caminho
Não deixe na roda a fé me faltar
Sou vento que sopra, eu sou capoeira
A luta de um povo pra se libertar
Aruanda ê
Aruanda ê, aruanda
Aruanda ê camará
 
 
 

A Onda rolou na Praia (Ariranha)

 
A onda rolou na praia
E voltou correndo ao mar
 
     A onda rolou na praia
     E voltou correndo ao mar
 
Capoeira balançou
No rolê voltou a jogar
 
     Capoeira balançou
     No rolê voltou a jogar 

Meia-lua cortou o vento
Rasteira foi lá buscar
 
     Meia-lua cortou o vento
     Rasteira foi lá buscar
 
Capoeira balançou
No rolê voltou a jogar
 
     Capoeira balançou
     No rolê voltou a jogar

Segura seu moço
Deixa o corpo balançar
No toque do berimbau
Capoeira vai ter que rolar
Na cadência do atabaque
Quero ver nego pular
Capoeira balançou
No rolê voltou a jogar
 
     Capoeira balançou
     No rolê voltou a jogar
 
 

 

Capoeira Abada (Lampreia e Macaco)

 
Vou lhe dizer 
O que me alegra numa roda
De Capoeira
Quando eu começo a tocar
Três berimbaus
Gunga, médio e uma viola
O atabaque e o pandeiro
E dois cabras pra jogar
 
     Capoeira ABADÁ
 
Vou jogando Capoeira
Até o dia clarear

Se você é Capoeira
Nunca pare de treinar

Cante um corrido
Um coro bem respondido
Uma energia imensa
Que parado não vai dar
 
De Segunda a Sexta-feira
Tem roda no Humaitá

Capoeira que é bamba
Joga em qualquer lugar

Um jogo duro
Uma armada e uma ponteira
Meia-lua e uma rasteira
Continue a jogar

Se você é Capoeira
Nunca deixe de treinar

Joga em cima, joga embaixo
No que o berimbau mandar
 
 
 

Festa da Penha (Cobra)

 
Quatro domingos de outubro
Quatro domingos de outubro
Tem festa da padroeira
Tem camelô vendendo argola
Tem beata rezadeira
E no meio da pracinha
Tem roda de capoeira

Pau pau, madeira pra lenha
São quatro domingos de roda na Penha
 
     Pau pau, madeira pra lenha
 
Vem chegando a roda da Penha
Quando chega o mês de outubro
Você tem que preparar
Reza pro santo
Acende vela
Pra poder ir lá jogar
Pau pau, madeira pra lenha
São quatro domingos de roda na Penha
 
Vem chegando a roda da Penha
Vem gente pagar promessa
Vem gente pra passear
Eu que sou capoeirista
Vou pra roda jogar
Pau pau, madeira pra lenha
Quatro domingos de roda na Penha
 
 
 

Rio de Janeiro (Cobra e Bacuri)

 
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Nessa terra capoeira
tem roda o ano inteiro
 
     Rio de Janeiro
     Rio de Janeiro
 
quem não sai da academia
não conhece o mandingueiro
pra melhorar a visão do capoeira
você tem que correr roda
não pode marcar bobeira
toque de angola, benguela, Santa Maria
Jogue embaixo, Jogue em cima
São Bento, Cavalaria

Reza à São Sebastião
que é o seu santo padroeiro

nessa terra capoeira
tem roda o ano inteiro
roda da Penha, Caxias e Cordovil
tem na Barra da Tijuca
e o Quilombo em Acari
na Carioca, na Glória e na Central
Macaé, Rocha Miranda, no Leblon e Marechal
 
é de janeiro à janeiro
tem roda o ano inteiro

quem não sai da academia
não conhece o mandingueiro
 
pra terminar lhe digo dessa maneira
rode mais na capoeira
seja angola ou regional
sangue na veia
bata o pé com alarido
por favor puxe um corrido
no toque do berimbau
 
tem roda na  Cinelândia
no mês de fevereiro 
 
é de janeiro à janeiro
é roda o ano inteiro
 
 
 

Navio Negreiro (Camisa)

 

Que navio é esse
Que chegou agora
É o navio negreiro
Com os escravos de Angola
 
     Que navio é esse
     Que chegou agora
     É o navio negreiro
     Com os escravos de Angola
 
Vem gente de Cambinda
Benguela e Luanda
Eles vinham acorrentados
Pra trabalhar nessas bandas
 
Aqui chegando
Não perderam a sua fé
Criaram o samba
A capoeira e o candomblé
 
Acorrentados
No porão do navio
Muitos morreram
De banzo e de frio
 
 
 

A palha do coqueiro (Esquilo)

 
Vento balançou a palha do coqueiro
 
     Vento balançou a palha do coqueiro

Coco que tava maduro
Despencou caiu primeiro
 
     Coco que tava maduro
     Despencou caiu primeiro

Lá na praia tem coqueiro
Quem plantou foi lemanjá
Se o coco tiver maduro
O vento vai derrubar
 
     Vento balançou a palha do coqueiro
     Vento balançou a palha do coqueiro
 
Coco que tava maduro
Despencou caiu primeiro
 
     Coco que tava maduro
     Despencou caiu primeiro

Coro maduro 
tomara que você caia
Mais não quebre a sapucaia
quando o vento balançar
 
     Vento balançou a palha do coqueiro
     Vento balançou a palha do coqueiro
 
Coco que tava maduro
Despencou caiu primeiro
 
     Coco que tava maduro
     Despencou caiu primeiro

Na praia de Amaralina
Na sombra do coqueiral
Tem roda de capoeira
No toque do berimbau
 
     Vento balançou a palha do coqueiro
     Vento balançou a palha do coqueiro
 
Coco que tava maduro
Despencou caiu primeiro
 
     Coco que tava maduro
     Despencou caiu primeiro
 
 
 

Capitão do mato (Dinho)

 
Eu vou fugir, eu vou
capitão do mato
 
     Eu vou fugir
     Eu vou capitão do mato 

Minhas mãos tão calejadas
Minha alma está cansada
Já não agüento esse lugar
O Quilombo dos Palmares
Ajude a me curar
 
     Eu vou fugir
     Eu vou capitão do mato 
     Eu vou fugir
     Eu vou capitão do mato 
 
Sem mim não tinha riqueza
Conheci fome e tristeza
E o chicote a me espancar
Vou pra perto de Zumbi
Ele está a me esperar
 
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Onça Pintada (Charm)

 
Onça pintada
Matrinxã e mico-estrela
Já descobriram o que é a capoeira
 
     Onça pintada
     Matrinxã e mico-estrela
     Já descobriram o que é a capoeira
 
Oi Mestre Bimba 
que saiu de Salvador
Pra ensinar no centro-oeste
Capoeira que criou

Ensinou armada
Meia-lua e rasteira
Galopante e pontapé
E o tombo da ladeira

A capoeira 
não é mato e nem cerrado
É uma luta de bailado
É uma dança guerreira
 
Lobo-guará, 
jacaré se entristeceu
Quando ouviram lá na mata
Que seu Bimba faleceu

Oi Mestre Bimba
Que está num bom lugar
Tá alegre e satisfeito
Com Camisa e a Abadá
 
 
 
Faca de tucum (Amâncio)
 
Faca de Tucum
matou Besouro Mangangá
 
     Faca de Tucum
     matou Besouro Mangangá

diz à história que mataram seu Besouro
foi lá na Bahia, 
Santo Amaro em Salvador
morreu deitado dentro de rede de corda
de nada valeu mandinga
da tradição não se salvou
 
     Faca de Tucum
     matou Besouro Mangangá
     Faca de Tucum
     matou Besouro Mangangá
 
Corpo fechado, magia com reza forte
da vida não levava lição de ninguém
Cordão de Ouro
também chamado Besouro
hoje joga capoeira
com os mestres do além

Dormi sonhando
com o berimbau tocando
vejo uma roda com Besouro e Paraná
fico lembrando 
desses mestres do passado
sinto um desejo danado
de capoeira jogar
 


Minha Bahia (Duende)

 

O Brasil canta

Minha Bahia

Mas só quem sabe

É quem já foi lá um dia

 

     O Brasil canta

     Minha Bahia

     Mas só quem sabe

     É quem já foi lá um dia

 

Ir na Ribeira

Ver regata no mar

Subir a colina sagrada

Pra Oxalá lhe abençoar

 

(Descendo o Carmo

 A ladeira do Pelô

 Tem a Bica do Pilar

 Que Santo Antônio abençoou)

 

Em Santo Amaro da Purificação

Nasceu o Maculelê

Tem candomblé pra se ver

É terra de tradição

 

Já foi Seu Bimba

Seu Pastinha e Aberre

Waldemar da Pero Vaz

Popó do Maculelê

 

Lá na Bahia

Tem capoeira no ar

Tem roda de mandingueiro

Para quem quiser jogar

 

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