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Abada-Capoeira DC Brazilian Arts Center |
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CD – Boa Voz (2) Lenda viva (Boa Voz - adapt. das cantigas de lavadeira) Lamento do berimbau (Pelezinho GO) Pau que nasce torto (papagaio velho) - (Boa Voz) Corridos tradicionais (DP)
Lenda viva (Boa Voz - adapt. das cantigas de lavadeira)
Mandei caiá meu sobrado Mandei, mandei, mandei Mandei caiá de amarelo Caiei, caiei, caiei Amarelo que lembra dourado Dourado, que é meu berimbau Dourado, de cordão de ouro Besouro, besouro, besouro Para quem nunca ouviu falar Pra aqueles que dizem: é lenda! Pois saibam que besouro preto Viveu, viveu e morreu Pras bandas de Maracangalha Sem temer a inimigo nenhum Não valeu, seu corpo fechado Pras facas de aticum Mas mesmo depois de morto Entre uma e outra cantiga Besouro vai sempre viver Enquanto existir mandinga Mandei caiá meu sobrado Mandei, mandei, mandei Mandei caiá de amarelo Caiei, caiei, caie Iê, viva meu Deus Iê, viva meu mestre Iê, salve Besouro
Lamento do berimbau (Pelezinho GO)
Berimbau chorou Chorou de lágrima Chorou de lágrima Chorou de lágrima
Berimbau chorou Chorou de lágrima Chorou de lágrima Chorou de lágrima
Berimbau chorou de lágrima Por causa de uma nação Só Deus sabe o sofrimento Que o negro teve na escravidão Berimbau chorou
Negro deu a volta ao mundo No berimbau se agachou Berimbau viu tanto sofrimento Que até o arame se quebrou Berimbau chorou
Amargura e tristeza Na senzala de sinhá Gunga, médio e viola Estavam ali pra consolar Berimbau chorou
Berimbau chorou de lágrima Uma lágrima sentida Adeus mano velho É hora da despedida Berimbau chorou
Livre arbítrio (Boa Voz)
Só levo pra capoeira Quem quiser comigo ir Só levo pra capoeira Quem quiser comigo ir
Só levo pra capoeira Quem quiser comigo ir Só levo pra capoeira Quem quiser comigo ir
Já to nela há tanto tempo Que eu já nem me lembro mais Tocando meu berimbau E cantando eu sigo em paz
Meu filho disse outro dia Ô meu pai me leva lá Quero ouvir esquindum-dum Que tu chama berimbau
Obrigar não faço não Mas eu levo ele pra ver E se for de coração Capoeira ele vai ser
Capoeira é esporte Saúde e filosofia Se eu continuar falando Converso pra mais de dia
Só quem nasce capoeira Sabe a falta que ela faz Já tô ficando velhinho Cada dia gosto mais
Pau que nasce torto (papagaio velho) - (Boa Voz)
Papagaio velho não aprende a falar Aprendeu errado, é difícil endireitar
Papagaio velho não aprende a falar Aprendeu errado, é difícil endireitar
A meia lua de frente Tem que encaixar o quadril Capriche no movimento Já que todo mundo viu
Olha o jeito dessa armada Ta igual de bailarino Ainda fica me olhando Veja se eu estou sorrindo
Capoeira sem esquiva É carro sem direção Parte pra cima do golpe Sem saber qual a razão
Olha o pau que nasce torto Tarde ou nunca se endireita Eu não acredito nisso Se treinar você se ajeita
Peleja do riachão (DP)
Riachão tava cantando, ai meu Deus Na cidade do Açu Quando apareceu um negro Quando apareceu um negro Da espécie de urubu Com uma camisa de sola ai meu Deus E calça de couro cru Beiço grosso e virado ai meu Deus Como a sola de um chinelo Um olho muito encarnado Um olho muito encarnado) O outro bastante amarelo Convidou a Riachão ai meu Deus Pra vir cantar martelo Riachão lhe respondeu Eu aqui não to cantando oi iaiá Com negro desconhecido Você pode ser cativo oi iaiá E ta por ai fugido Isso é dar fala nambú Isso é dar fala nambú Puxa já negro enxerido Eu sou livre como o vento oi iaiá A minha linhagem é nobre Nasci dentro da nobreza oi iaiá Não nasci na raça pobre Você nega por que quer Está conhecido demais Se você não for cativo oi iaiá Me diga o que você faz Seja livre ou seja escravo Eu quero cantar martelo Afine sua viola Vamos entrar em duelo Só com a minha presença O senhor já tá amarelo, Camaradinha Viva meu Deus
O sabiá (Boa Voz)
Planta milho sinhá que eu colho Planta milho sinhá que eu colho
Planta milho sinhá que eu colho
Planta milho sinhá que eu colho
Cantava meu sabiá
No canto da capoeira
Tanta vez ouvi falar
Da sabiá laranjeira
E hoje ouço seu cantar
Quantas vezes na Ribeira
Lá na tenda de sinhá
Cantador falava assim
Como canta o sabiá
Meu pai me disse menino
Não me mate o sabiá
Quem mata o que não se come
Não perde por esperar
Berimbau viola (Macaco preto)
Berimbau viola Berimbau viola Por que será Que a viola chora
Berimbau viola Berimbau viola Por que será Que a viola chora
Será saudade Da Cabinda de Luanda Que o navio deixou pra trás Nas águas da velha Kianda
Chora lembrando Dos tempos do cativeiro Dos negros acorrentados Dentro do navio negreiro
Gunga tá velho Mas ainda conta história Viola chora Lembrando dos tempos de outrora
Chora por Bimba Pastinha e Valdemar Grandes mestres de verdade Que de saudade viola põe-se a chorar
Vadiação (Boa Voz)
Chama ioiô, chama iai, Berimbau me chama Eu vou Vadiar
Chama ioiô, chama iai, Berimbau me chama Eu vou Vadiar
Nem adianta Tu tentar me segurar Corrente já foi quebrada E hoje eu quero é vadiar
Dizia a lei É proibido vadiar Mas eu sentia no peito A vontade de jogar
Andei, vaguei Sem saber no que pensar Sempre fui trabalhador Mas também capoeira
De tocar meu berimbau E uma cantiga levar Mostrando meus sentimentos Sem ninguém prejudicar
O bem e o mal Nunca andaram de mãos dadas Não escolhem preto nem branco Ao findar esta jornada
Baleiro (Boa Voz)
Baleiro o que vende ai? Pipoca e amendoim Baleiro o que vende ai? Pipoca e amendoim
Baleiro o que vende ai? Pipoca e amendoim Baleiro o que vende ai? Pipoca e amendoim
Sou baleiro sim sinhô Mas não sou qualquer um não Vendi bala na Bahia Nas festas da Conceição
O que esses olhos já viram Nas rodas de capoeira Se eu fosse lhes contar Levava uma vida inteira
Vi um negro alto e forte Com seu berimbau na mão Escutei falar: é Bimba! Igual a esse não tem não
Vi um velhote baixinho Com toda autoridade Levando na cantoria Um tal lá da Liberdade
Tinha mais gente chegando E até uns que dava medo Mas eu ficava olhando E aprendendo seus segredos
Um dia cheguei mais perto E um deles olhou pra mim Mas antes que eu me assustasse Baleiro o que vende ai?
Coisa mandada (Boa Voz)
Isso é coisa mandada Isso é coisa mandada
Isso é coisa mandada Isso é coisa mandada
Eu sempre andei de noite Quanta vez na madrugada No meio da malandragem Nunca me aconteceu nada De repente tudo muda Deve ser coisa mandada
Isso é coisa mandada Isso é coisa mandada Isso é coisa mandada Isso é coisa mandada
Mateiro velho nasci Andei na mata fechada Serpente corre de mim E até onça pintada
De repente nego véio Olha o que me aconteceu Tudo que andava certo Hoje desapareceu
Olha lá meu gunga velho Companheiro de estrada Quando fui ver outro dia Verga e cabaça quebrada
Eu nunca fui pára raio E nunca me pegou nada Maldade passa de longe Tenho uma sorte danada
Sempre tive fé em Deus E nas coisas mais sagradas Me valha Senhor Jesus Derruba a coisa mandada
Sai pra lá coisa ruim Não cruza na minha estrada Cuidado sou capoeira Vacilou tomou pernada
Acende a luz (Boa Voz)
Acende a luz crioula Pro terreiro clarear
Acende a luz crioula
Pro terreiro clarear
Traz pra fora o candeeiro
Que a roda vai começar
Hoje é noite sem lua
E os cabras já vão chegar
Hoje é dia de festa
Capoeira no arraial
Lá vem Besouro e Zumbi
Seu Traíra e Paraná
Tem uns pretos batuqueiro
Que vieram pra cantar
De cantador pra cantador
Já lá vem seu Valdemar
Corre lá pega meu gunga
Pra Mestre Bimba tocar
Nega traz meu candeeiro
E não deixa apagar
Mundo enganador (DP)
Todo mundo quer ser bom Todo mundo quer ser bom Mas ruim ninguém quer ser Todo mundo quer matar Mas ninguém não quer morrer Já não sei como se vive Aí Meu Deus Nesse mundo enganador Fala muito é falador Quem fala pouco é manhoso Come muito é guloso Come pouco é sovino Se bater é desordeiro Ó meu Deus Se apanha ele é mofino Trabalho tem marimbondo Fazer casa no capim Vem o vento leva ela Ai meu Deus Marimbondo leva fim Caveira quem te matou Ai meu Deus Foi a língua meu senhor Eu sempre te dei conselho Tu pensava ser ruim E eu sempre lhe avisando Colega velho Inveja matou Caim, camará Iê viva meu Deus Iê a capoeira
Graúna (Boa Voz)
Graúna, graúna, onde vai você? Onde vai, onde vai você
Graúna, graúna, onde vai você?
Grauna, onde vai você?
Vou cantar lá no ipê
Onde vai, graúna, onde vai você
Eu ia pelo caminho
Quando ouvi o seu cantar
Não me pergunte porque
Comecei arrepiar
Me lembrei da capoeira
E dos nossos ancestrais
De repente fez silêncio
Ela parou de cantar
A ave bateu asa
Foi cantar noutro lugar
Onde vai graúna, onde vai você
Eu vi relampear (Boa Voz)
Eu vi relampear O iaiá, eu vi relampear.
Eu vi relampear
Na roda relampear
Sem barulho de trovão
Pé passou perto demais
Se não esquiva o cabra cai
Navalho riscou ligeiro
Faísca brilhou no ar
Iaiá lá vem cruzo de carreiro
Golpe que vale lembrar
Ô dindinha meu joelho
Cuidado pra não quebrar
A moça do sobrado (Boa Voz)
A moça do sobrado me chamou Venha ver, capoeira meu sinhô
A moça do sobrado me chamou Venha ver, capoeira meu sinhô
Sinhá mocinha Gostava de aparecer Nos domingos de tardinha Para a capoeira ver
Ficava olhando Admirando encantada Sem entender muito bem Os negros dando pernadas
A energia, Que da roda ia saindo Mexia com os sentimentos De quem tava vendo e ouvindo
Muitas das vezes Dali jogava dinheiro Premiando o jogador Que mais gostasse de ver
Chegava o pai Sinhá moça disfarçava Dizia será que um dia Posso descer na calçada?
Caindo a noite A negrada ia embora Sinhá ficava esperando Quem sabe uma outra hora?
A carta de Besouro (Boa Voz)
Oi, quem mandou levar Essa carta pra sinhá!
Quem mandou levar
Óia lá Besouro preto
No jogo da emboscada
Vão tentar lhe enganar
Nego não sabia ler
E a carta foi levar
Mas o que tava lá dentro
Era coisa de matar
E se for pra S. Caetano
Cuidado pra não quebrar
Pois pra lá não tem mais jeito
Cuidado seu Mangagá
Vai virar toco de pau
Ou inseto pra escapar?
Se caiu na armadilha
Dê seu jeito de escapar
Abalou cachoeira (DP)
Abalou Cachoeira abalou
Mas abalou deixa abalar Se eu fosse a morte matava
Chora menino (DP)
Oi chora menino
Nhé, nhé, nhé
Menino chorou
Cala a boca menino
Menino chorão
Ô chora menino
Pó que não mamou
Menino malvado
Menino chorou
Chora menino
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