Guerra do
Paraguai (Mestre Rodolfo)
Na guerra do
Paraguai
uma raça se
destacou
na destreza e
na coragem
muitas glórias
conquistou
Havia um
negro
o nome Negro
Tião
foi pra
guerra voluntário
em troca de
liberdade
No patanal
a batalha do
Tuiuti
Guarani Cerro
Corá
ele mostrou o
seu valor
Na negativa
rasteira,
rabo de arraia
faca de ponta,
zagaia
foi ganhando
promoção
Mas quis a
sorte
e uma lança
certeira
o roubou a
derradeira
esperança de
liberdade
Sangue correu
em pantanais
paraguaio
em mais uma
terra estranha
um corpo
negro tombou
E o seu
sangue
não era preto,
nem escravo
nem azul,
nem de outra cor
Era vermelho
que se
espalhou como vento
trazendo um
forte alento
para o povo
brasileiro
Camaradinha...
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Nego vai (Mestre Rodolfo)
Vai nego,
nego vai
Lutar pela sua gente no Paraguai
Vai nego, nego vai
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Capim amassado (Mestre Cobra)
Capim massado
o bicho
deitou
Capim massado
O bicho deitou
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Estrela que
brilha no céu da Bahia (Pato)
Estrela que
brilha no céu da Bahia
que brilha no
céu da Bahia, me guia
Estrela
Estrela que brilha no céu da Bahia
que brilha no céu da Bahia, me guia
A noite na Bahia
brilha cada vez mais
no chão daquela
terra
Seu Bimba descansa
em paz
Estrela
Apontando para a
estrela
no leito abandonado
Mestre Pastinha
disse
eu vou brilhar do
teu lado
Estrela
O seu clarear tão
forte
clareava o terreiro
onde Seu Waldemar
tocava Gunga
voizeiro
Estrela
Estrela que
iluminava
fazenda do senhor
ilumina o caminho
me leva a Salvador
Estrela
Eu vou pela barra
fora
na volta que o mundo
dá
estrela que me
conduz
brilha no céu de lá
Estrela
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Dendê (Fala Mansa)
Dendê, Dendê
lálá e lá,
lálá e lá
ô dendê
Dendê, Dendê
lálá e lá, lálá e lá
Levou
rasteira
balançou,
caiu no chão
se perde a
cabeça
também perde
a razão
ô dendê
Pro capoeira
que não joga, só
estranha
pois acredite
se bater, também
apanha
ô dendê
O capoeira
já nasce natural
com manha e malícia
não seja artificial
ô dendê
Quando treinar
ponha na
consciência
seja capoeira
não viva de
aparência
ô dendê
No jogo duro
com malícia e com
mandinga
olho no olho
cuidado, mantenha a
ginga
ô dendê
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Madeira Boa (Charm)
Vou esperar a lua voltar
Eu quero entrar na mata ê
Vou tirar madeira boa
Pro meu berimbau fazer
Vou esperar a lua voltar
Eu quero entrar na mata ê
Eu vou tirar madeira boa
Pro meu berimbau fazer
Madeira boa é como amizade
É difícil de encontrar
E a amizade eu guardo no peito
E a madeira, faço meu berimbau
A noite vem, eu entro na mata
Lua clareia eu vou procurar
Jequitibá, maçaranduba
O guatambu eu devo achar
Se o Mestre Bimba estivesse aqui
Pra me ensinar e escolher madeira
Eu entraria agora na mata
Tirava Ipê e Pau-Pereira
Na lua cheia eu vou colher os frutos
E na minguante eu tiro a madeira
Para fazer o meu berimbau
Para tocar na capoeira
Na velha África se usava o Ungo
Nas grandes festas religiosas
O Mburumbumba em dialeto Umbundo
É o berimbau que conquistou o mundo
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Jogo dos grandes Mestres (Mestre Cobra)
Foi no Bairro
da Lapinha
Que a velha
guarda se encontrou
Estava lá
Waldemar,
Cobrinha Verde
João Grande,
João Pequeno
Traíra e Maré
E era Angola
jogo que
imperava
a mandinga e
a negaça
a vitória do
saber
E Waldemar
tocando seu
berimbau
mandou uma
ladainha
todos
prestaram atenção
Fez louvação,
cantou corrido
foi que a
roda começou
Rabo de
arraia
negativa de
angola
jogo em cima,
jogo em baixo
capoeira pra
valer
e quem olhou
nao pôde mais
esquecer
jogo dos
grandes Mestres
que acabou de
acontecer
camaradinha...
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Abalou
cachoeira (DP)
Abalou Cachoeira abalou
Abalou deixa abalar
Abalou Cachoeira abalou
Mas abalou deixa abalar
Oi abalou, abalou deixa abalar
Oi abalou em Cachoeira
A invasão dos Holandeses
Abalou deixa abalar
No dia que eu amanheço
Dentro de Itabaianinha
Homem não monta cavaco
Mulher não deita galinha
As freiras que tão rezando
Se esquecem da ladainha
Quem quiser saber meu nome
Eu me chamo louça fina
Cuidado pra não quebrar
Casa de palha é palhoça
Se eu fosse fogo queimava
Toda mulher ciumenta
Se eu fosse a morte matava
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Estórias de Baraúna (Boa Voz)
Baraúna caiu
Baraúna caiu, meu pai
Baraúna caiu, meu pai
Baraúna caiu
Baraúna caiu
Baraúna caiu, meu pai
Baraúna caiu, meu pai
Baraúna caiu
Baraúna caiu,
Baraúna caiu, meu pai
Baraúna caiu, foi meu mestre
Quem derrubou, baraúna
Estória de baraúna
É cantada em prosa e verso
Já diziam os mais antigos
Nas rodas dos velhos mestres
Baraúna
Madeira de baraúna
Difícil de derrubar
Mas no jogo de mandinga
Baraúna vai tombar
Baraúna
Pra quem diz que o capoeira
É difícil de cair
É mentira camarada
O meu mestre me disse assim, baraúna
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Sonho de menino (Esquilo)
Contando as
estrelas do céu, do céu, do céu
eu revi o meu
destino
cada estrela
era um passo meu para buscar
o meu sonho
de menino
Cantando as estrelas do céu, do céu, do céu
eu revi o meu destino
cada estrela era um passo meu para buscar
o meu sonho de menino
Mas quando eu
era menino
sonhava em
ter um abadá
uma corda na
cintura, segura
e um berimbau
pra tocar
Eu posso ser um
sonhador
ter muita imaginação
mas com a força da
capoeira, tocando meu berimbau
tenho os meus
sonhos nas mãos
Mas o tempo vai
passando
continue na sua
peleja
um dia se Deus
quiser, vem pro Rio de Janeiro
buscar sua corda
vermelha
Mas o tempo foi
passando
continuei na minha
peleja
vim pro Rio de
Janeiro, treinei, me dediquei
peguei a minha corda
vermelha
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Rio de Janeiro (Cobra e Bacuri)
não conhece o mandingueiro
pra melhorar a visão do capoeira
toque de angola, benguela, Santa Maria
Jogue embaixo, Jogue em cima
que é o seu santo padroeiro
roda da Penha, Caxias e Cordovil
na Carioca, na Glória e na Central
Macaé, Rocha Miranda, no Leblon e Marechal
não conhece o mandingueiro
pra terminar lhe digo dessa maneira
por favor puxe um corrido
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Tem cobra
enrolada no toco (Macaco Preto - Cachorrão)
Tem cobra
enrolada no toco
abre o olho
seu moço
abre o olho
seu moço
abre o olho
seu moço
Tem cobra enrolada no toco
abre o olho seu moço
abre o olho seu moço
abre o olho seu moço
A cobra na capoeira
é um sinal de
perigo
peçonhenta e
traiçoeira
abra o olho meu
amigo
Pode ser a cascavel
Cobra Coral,
Jaracuçu
mas o bote mais
cruel
é a tal da Urutu
Urutu Cruzeiro
deste nome não se
esqueça
é preta de corpo
inteiro
e tem uma cruz na
cabeça
Pensei que foi Sucuri
Jararaca é que não
foi
agora acabei de ver
A Urutu matou meu boi
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Apartheid (Cotia)
Antigamente
o negro era
acorrentado
vivia
escravizado
sem ter paz
na sua vida
E de repente
acabava a
escravidão
o negro é
solto em liberdade
sem ter muita
informação
Mas e agora
o que é que
eu vou fazer
eu tenho que
sobreviver
e não sei
ler nem escrever
Vou trabalhar
no cais
para o meu
filho estudar
quem sabe
algum dia
conseguir se
afirmar
Depois de
tanto sofrimento
vejo que tudo
foi em vão
pois o negro
é mau olhado
pela
discriminação
Ô vejam só a
minha terra
que eu não
tenho mais direito
esse tal de
Apartheid
só aumenta o
preconceito
Isso que é a
liberdade
a maneira de
dizer
eu agora sou
escravo
de um outro
tipo de poder
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Angola eê
(DP)
Angola eê
Angola eê,
Angola
Angola eê
Angola eê, Angola
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Sinhá
(Caxias)
Chama dona
sinhá na casa grande
Chama dona
sinhá na casa grande
Ô Dona Sinhá
Chama dona sinhá na casa grande
Chama dona sinhá na casa grande
Perfume de lavanda
era o cheiro do
lençol
o negro de Luanda
cortando a cana
debaixo do sol
Ô Dona Sinhá
Na beira do riacho
o canto da lavadeira
recôncavo baiano
fazenda canavieira
Ô Dona Sinhá
De outubro a
fevereiro
a colheita acontecia
o escravo trabalhava
o senhor do engenho
enriquecia
Ô Dona Sinhá
Cascata de sangue
jorrando
amarrado ao tronco a
noite inteira
capataz capturou
o negro na capoeira
Ô Dona Sinhá
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Areia do mar (Pato)
Areia do mar,
areia do mar
o que você
tem, para me contar
Areia do mar, areia do mar
o que você tem, para me contar
Onda que quebra na
praia
quebrava no casco do
navio
navio que trouxe de
Angola
o negro para o
Brasil
Vagando sobre o mar
chegava o tumbeiro
trazendo negros de
batalha
de espírito
guerreiro
Me conta de Pastinha
e de Bimba por favor
seu Pastinha na
marinha
Mestre Bimba
estivador
Areia que leva e
traz
histórias de
algibeira
vou visitar o Pero
Vaz
aprender a história
da capoeira
Dia dois de
fevereiro
Bahia me chamou
lavagem do Bonfim
cidade de Salvador
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Valente
Besouro (Cobra Coral)
Nem todo
valente se chama Besouro
Nem todo
valente se chama Besouro
Chama Besouro
Nem todo valente se chama Besouro
Nem todo valente se chama Besouro
Quem trança atabaque
peleja no couro
nem todo amarelo é
ouro
nem tudo que sobe
desce
nem todo valente se
chama Besouro
Chama Besouro
Hoje é dia de festa
teve missa e
procissão
a roda é na praça da
igreja
valentia hoje não
Chama Besouro
De longe vejo o
cortejo
o santo vem no andor
quem quiser pagar
promessa
pague pra Nosso
Senhor
Chama Besouro
Ontem era, hoje não
é
nem tudo que balança
cai
berimbau tocou
sereno
mandinga e molho meu
rapaz
Chama Besouro
O toque do gunga diz
tudo tem hora e
lugar
quem sabe na
academia
é melhor de vadiar
Chama Besouro
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Ê Idalina (Esquilo)
Ê Idalina, ê
Idalina
vem jogar
capoeira
Idalina, ina
Vem mostrar seu
gingado
Vem tocar berimbau
Vem tocar o pandeiro
Idalina vem pra roda
vem mostrar o seu
gingado
o toque do berimbau
que lhe fez o
chamado
Ê Idalina, ê Idalina
Seu tabuleiro na
praça
todo mundo já
conhece
quem te vê jogar na
roda
eu sei que nunca
esquece
Também chame
Catarina
que é pra te
acompanhar
Idalina não te
esqueças
todos querem ver
jogar
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